Palestra Italia ou Parque Antarctica? Qual era o nome verdadeiro do antigo estádio do Palmeiras

A Companhia Antarctica Paulista criou o Parque da Antarctica no fim do século XIX, um grande espaço de lazer com 300 mil metros quadrados destinado aos seus empregados. O ambiente oferecia uma ampla área verde com lago, coreto, bosques, além de um parque infantil, restaurantes, choperia e diversas opções para a prática esportiva, incluindo pistas de atletismo, quadra de tênis e um dos primeiros campos de futebol da cidade. O local viria ser a casa do Palmeiras no futuro.

À medida que o futebol crescia em popularidade, o local passou a ser cada vez mais procurado. No início do século XX, a empresa começou a alugar o campo para clubes menores da cidade, aproveitando a demanda crescente pela prática do esporte.

Além de ser um importante campo para futebol, o Parque da Antarctica se tornou um ponto de referência para eventos ao ar livre, como competições de boxe e até corridas de automóveis. Em julho de 1908, o parque foi o palco da primeira corrida automobilística da América do Sul, o “Circuito de Itapecerica”, que teve como vencedor o paulista Sílvio Penteado.

Outro marco significativo para o futebol brasileiro aconteceu no Parque da Antarctica em 3 de maio de 1902, quando o Mackenzie College venceu o Germânia (hoje Esporte Clube Pinheiros) por 2 a 1. Esse jogo marcou o início do primeiro campeonato oficial de futebol do Brasil, o Campeonato Paulista.

Palmeiras no Estádio Palestra Italia

O Parque Antártica, que inicialmente era utilizado pelo clube Germânia, de origem alemã, começou a receber outros clubes a partir de 1916, quando a Companhia Antarctica Paulista alugou o estádio para o América F.C. No ano seguinte, o América sublocou o campo para o Palestra Italia. O contrato estipulava que o América usaria o estádio nas manhãs de terças, quintas, sábados, domingos e feriados, enquanto o Palestra Italia jogaria e treinaria no período da tarde.

Em 1920, o América, afundado em problemas financeiros, foi extinto, e o Palestra Italia aproveitou a oportunidade para comprar o terreno, que incluía o estádio e todas as instalações esportivas, por 500 contos de réis. O pagamento foi dividido em 250 contos à vista e duas parcelas anuais de 125 contos cada, além de um contrato perpétuo para a venda dos produtos da Companhia Antarctica nas dependências do estádio.

A aquisição foi considerada por muitos como “A Loucura do Século”, pois o Palestra Italia era um clube jovem e com poucos recursos financeiros. De fato, em 1922, o clube não conseguiu pagar a última parcela e teve que vender uma parte do terreno para as Indústrias Matarazzo, o que resultou na construção de um shopping center no local.

Ao longo dos anos, o Palestra Italia investiu em grandes reformas no estádio, incluindo a substituição da arquibancada de madeira por uma estrutura de concreto armado e a construção de uma imponente tribuna social, destinada aos associados do clube. Essas melhorias aumentaram a capacidade do estádio, que se tornou um dos mais importantes da cidade.

Em 13 de agosto de 1933, o estádio foi oficialmente inaugurado como o “Stadium Palestra Italia”, com capacidade para 30 mil espectadores. A primeira partida disputada na nova arena foi contra o Bangu, vencida por 6 a 0, com Gabardo marcando o primeiro gol. Nesse mesmo período, a sede social do clube foi transferida para o entorno do estádio, consolidando ainda mais o vínculo entre o clube e o novo local.

Após décadas de história, o Estádio Palestra Italia se despediu de sua torcida em 9 de julho de 2010, durante um amistoso contra o Boca Juniors, que terminou com vitória dos argentinos por 2 a 0. Esse jogo marcou a última partida no estádio antes do início de uma grande reforma, que transformaria o local em uma arena multiuso. A nova casa foi inaugurada em 19 de novembro de 2014, ano do centenário do clube.