Médicos se pronunciam sobre método utilizado por Abel Ferreira no Palmeiras

A comissão técnica do Palmeiras e Abel Ferreira, adota uma abordagem inovadora e promissora para maximizar o desempenho dos jogadores: monitorar o sono.

Devido o processo ter chamado atenção, médicos especialistas explicam que essa prática faz todo o sentido quando se trata de otimizar o desempenho dos atletas.

Abel Ferreira fala sobre o processo

“O controle, e horas de sono, o nível de recuperação do jogador, a dor muscular ou bem-estar(…) Tá aqui nosso jogador Jailson, qualidade de sono tá em cinco, (nível) amarelo. Preciso perguntar para ele por que não dormiu — porque se vamos fazer um treino de alta intensidade, e este jogador não dormiu, há um risco grande de lesão”, afirmou Abel.

Um exemplo disso, foi demonstrado recentemente, quando o técnico português exibiu uma tela mostrando o índice de qualidade de sono de todos os atletas do elenco. Surpreendentemente, Jailson estava marcado com o amarelo, indicando a necessidade de cuidados extras.

Monitoramento do sono pelos médicos do Palmeiras é respaldado por especialistas 

Conforme depoimentos de diversos médicos para um veículo de mídia, o monitoramento do sono é uma prática relevante e fundamentada do ponto de vista médico. Ao observar de perto o descanso dos atletas do Verdão, a comissão técnica está garantindo que eles recebam o repouso adequado para um desempenho ideal.

“Com o passar do tempo, fomos adicionando outras variáveis que podiam impactar no bom desempenho de um atleta, como a alimentação e a suplementação. Mais recentemente, os estudos têm mostrado que o sono é uma terceira dimensão importante nessa tríade de alta performance do atleta”, explicou o Dr. Raphael Einsfeld, médico do esporte e coordenador de medicina do Centro Universitário São Camilo. 

“O jogador precisa pensar rápido, tomar decisões, porque do contrário perde a bola ou não faz um gol, por exemplo. Então, uma noite mal dormida relaciona com um problema físico, porque você não vai conseguir desempenhar tudo, já que o corpo ‘entra’ mais cansado. Você fadiga mais fácil, não consegue atingir seu pico (de rendimento) e implica em um problema de raciocínio. O conjunto disso leva ao aumento de lesões e redução de performance”, completou.

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“Há total sentido na vigilância. Já se sabe hoje, muito claramente, que a performance física se relaciona muito com a performance psíquica e com o sono. É muito importante que os jogadores de alto nível de desempenho preservem o sono. As funções do sono vão além do ‘acordar bem’; fazem com que a gente possa recompor nossa energia para o dia seguinte, por meio das moléculas de ATP — que se religam ao longo do sono. Essa energia precisa estar bem calibrada, recuperada. Além da recuperação de energia por meio da recomposição de adenosina trifosfato (ATP), é importante lembrar que a recuperação muscular acontece com mais intensidade na fase N3, que é quando resgatamos energia durante o sono”, explicou a Dra. Leticia Azevedo Soster, médica do sono do Hospital Albert Einstein.

A falta de sono tem efeitos semelhantes aos de um excesso de atividade física. Não se trata apenas da perda de energia, elementos essenciais para o desempenho no futebol, como reflexos, são claramente prejudicados.

“Tanto quantidade quanto qualidade (do sono). Essas questões são importantes na relação com o rendimento. Já existem várias evidências que a performance atlética, de força, desempenho, endurance, etc, são influenciadas — assim como a precisão, que é muito importante. O jogador de futebol precisa de um controle fino nesse sentido”, apontou o Dr. Pedro Genta, médico pneumologista e especialista em Medicina do Sono.

“Tem um estudo desse ano mostrando que a desempenho de alta intensidade é prejudicada pela deficiência do sono. É algo bem reconhecido. A intensidade do esforço fica prejudicada se o jogador dorme mal e/ou dorme pouco. O atleta pode dormir o suficiente em termos de horas, mas não ter qualidade, por exemplo. Estamos falando de atletas de alto nível. Essas coisas, talvez, na rotina de uma pessoa ‘comum’, não fazem tanta diferença”, concluiu Genta.

Diante de um calendário intenso, a comissão técnica do Palmeiras, liderada por Abel Ferreira, prioriza a qualidade de sono, recuperação e bem-estar dos atletas visando obter os melhores resultados em campo. Em meses como abril e maio, o time enfrenta nove jogos em um período de 30 dias.

“Faz muito sentido o Abel monitorar o sono dos jogadores. Seguindo a lógica da tríade, imagina que ele sabe que determinado atleta não treinou a semana inteira, por qualquer motivo. Isso equivale a ele não ter dormido a semana inteira. Vai ser um jogador que não vai performar bem. Ele está coberto de razão. Quanto mais variáveis a gente conseguir monitorar, com o advento de novos dispositivos, mais dá para entender os aspectos fisiológicos de maneira contínua. Isso vai acarretar no surgimento de novas variáveis, inclusive, que serão fundamentais no controle do atleta de alta performance”, finalizou Einsfeld.

“É importante ser preservado nesse sentido. Para essa preservação ocorrer, é importante ter um monitoramento próximo”, resumiu Azevedo Soster.

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